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Em 2005, o Ministério da Saúde editou uma norma técnica para os casos
de aborto permitidos por lei e determinou que a vítima de estupro não
precisaria apresentar um Boletim de Ocorrência (BO) para fazer o aborto,
com base no Código Penal. Para o bispo católico dom Luiz Gonzaga
Bergonzini, da sede da diocese de Guarulhos em São Paulo, foi uma ação
para flexibilizar a prática e tornou-se uma brecha.
O bispo continua o raciocínio. “A mulher fala ao médico que foi
violentada. Às vezes nem está grávida. Sem exame prévio, sem constatação
de estupro, o aborto é liberado”, declara, ajeitando o cabelo e o
crucifixo.
“Vamos admitir até que a mulher tenha sido violentada, que foi
vítima… É muito difícil uma violência sem o consentimento da mulher, é
difícil”, comenta. O bispo ajeita os cabelos e o crucifixo. “Já vi
muitos casos que não posso citar aqui. Tenho 52 anos de padre… Há os
casos em que não é bem violência… [A mulher diz] “Não queria, não
queria, mas aconteceu…””, diz. “Então sabe o que eu fazia?” Nesse
momento, o bispo pega a tampa da caneta da repórter e mostra como
conversava com mulheres. “Eu falava: bota aqui”, pedindo, em seguida,
para a repórter encaixar o cilindro da caneta no orifício da tampa. O
bispo começa a mexer a mão, evitando o encaixe. “Entendeu, né? Tem casos
assim., do “ah, não queria, não queria, mas acabei deixando”. O BO é
para não facilitar o aborto”, diz.
O religioso conta de uma ação para dificultar o aborto em Guarulhos.
Sua mobilização fez com que o Ministério Público notificasse o Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo e o sindicato dos
profissionais de saúde de Guarulhos, Itaquaquecetuba e Mairiporã sobre a
proibição da prática sem o BO, inquérito policial e autorização
judicial.
Dom Bergonzini acha que “a pessoa que se julga vítima” tem de fazer o
BO e apontar o nome do agressor. “Filha, não existe nada debaixo do sol
que não seja conhecido. É muito difícil. Se a pessoa fizer questão
mesmo, vai fazer exame de espermatozoide, etc, vai descobrir [quem é
agressor]. A Justiça tem de ir atrás.” Para o bispo, com essa ação em
Guarulhos, a igreja “deu um passo à frente, embora, mesmo nesses casos, o
aborto seja inaceitável”.
A discussão sobre o aborto logo voltará ao centro do debate no país e
o bispo diz estar preparado para orientar os fiéis. Em agosto, o
Supremo Tribunal Federal deve julgar a jurisprudência dos casos de
anencefalia fetal.
Dom Bergonzini argumenta que a ciência não é infalível e, por isso,
nada garante que o bebê nascerá sem cérebro. O bispo diz conhecer um
caso em que foi diagnosticado anencefalia e recomendado o aborto, mas
que a criança nasceu “perfeitamente sã”.
A profissão de fé do bispo, jornalista e blogueiro é a luta pela
“defesa da vida, contra o aborto”. O tema é um dos mais abordados em seu
blog. Na internet, os textos “em defesa da vida” são os que levam sua
assinatura. Os artigos que debatem o homossexualismo são assinados por
terceiros.
Fonte: Gospel +
Adaptado de "Valor Econômico"
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