A noite se seguiu. Levou algumas horas até que Rachel finalmente fosse vencida pelo cansaço, o mesmo não se podia dizer de Finn. O rapaz ligava incessantemente para o seu celular, que vibrava e vibrava não provocando nenhuma reação no corpo cansado da garota. Já perto de amanhecer ele finalmente desistiu – por ora - e se rendeu ao sono.
A manhã também não pareceu muito produtiva. Decidida a dar um tempo de Ohio, Rachel tocou no assunto novamente sobre o tal acampamento enquanto tomavam café-da-manhã com os seus pais. Leroy realmente tinha ficado animado com isso, pois vira nele uma chance da sua filha se afastar do causador de tantas mágoas nela: o namorado. Mais do que depressa, nem ao menos ele terminara as suas torradas o empresário se levantou para acertar a ida dela para a Big Apple.
Aquilo deu a Rachel uma injeção de ânimo, três semanas afastada deveria lhe trazer algum bem-estar. Voltou ao seu quarto com a intenção de extravasar um pouco com algum dos seus CDs... Talvez uma Barbra estourando os ouvidos da vizinhança. Até mesmo Rachel Berry merecia uma válvula de escape. Foi então que notou o celular esquecido desde ontem à noite sobre a sua mesa.
"96 chamadas não atendidas. – Finn "
Era inevitável não ficar chocada com a quantidade de chamadas. Quase cem! Segurou o impulso de retorná-lo. Apertou uma tecla qualquer e o aviso desapareceu na tela do seu iPhone revelando o papel de parede dela. Uma foto tirada semana passada dentro do cinema, antes do filme começar. Imediatamente memórias daquele dia chicoteavam a sua mente, era para ser apenas mais um encontro perfeito com o seu namorado, e mais uma vez ela hesitou em correspondê-lo nas mesmas três palavrinhas. Sentiu-se péssima pelo resto do dia, mesmo Finn não percebendo o seu estado.
A menina largou o aparelho sobre a sua cama querendo se livrar do momento nostálgico pegou o cd da sua diva, preparou o som e quando estava prestes a apertar o "play" Hiram brotou em seu quarto como se estivesse se desculpando e em seguida largou a bomba: Finn estava lá embaixo.
- Posso pedir para ele se retirar gentilmente, querida. – pronunciou notando a sua mudança de humor. – Não garanto o mesmo do seu pai. – completou apreensivo pelo fato de tê-lo deixado à sós com Leroy.
- Mande-o subir. – respondeu apertando o "play" e deixando Barbra inundar a atmosfera do lugar com a sua impecável voz. Hiram continuou parado. – Vou ficar bem, prometo. – sorriu em seguida, com muito esforço.
O homem desapareceu e ela começou a cantarolar baixinho os versos de "Funny Girl" enquanto revistava o armário atrás da sua mala. Partiria no dia seguinte para a cidade dos seus sonhos, cidade que um dia se renderia aos seus pés e ao seu talento. A grande avenida com aqueles enormes teatros surgiu num meio de pensamentos e ela teve o leve vislumbre do seu sonho, se vendo naqueles palcos, representando, cantando.
- Hey estrela.
Estava de costas para a porta quando foi surpreendida.
- O que está fazendo aqui? – perguntou verificando a mala e num tom muito frio.
- Pretende viajar? – ele perguntou ousando dar alguns passos em direção a ela. – Oh, eu não sabia. – obteve a sua resposta em seguida vendo a quantidade de roupa que ela colocava dentro da mala.
- Ficarei três semanas fora, em Nova York. Não que isso fosse da sua conta. – comentou trombando com ele pelo caminho entre a sua cama e armário. Finn era tão alto que quase foi ao chão. – Desculpe. – pediu.
O adolescente enfiou a mão nos bolsos sentindo a acidez do seu humor nada agradável. Queria conversar, queria explicar o que realmente tinha acontecido, só não sabia como começar. Tinha pensado tanto nesse momento, mas Finn tinha a consciência que a sua boca sempre o traía e que ao invés de oferecer alguma ajuda só piorava a situação. Tomou a liberdade se sentar em sua cama apenas esperando que ela lhe desse total atenção. Foi então que ela surtou:
- Porque eu estou pedindo "desculpas" para você? Aliás, de novo, o que você está fazendo aqui, Finn? Pensei que a minha reação ontem bastava para você saber que ficar perto da sua pessoa não é exatamente o que eu quero! – exasperou irritada.
- Entendo que esteja com raiva, chateada comigo e acredite isso faz com que eu me odeie ainda mais. Rachel, você precisa entender que o aconteceu comigo e com... Você sabe... Não teve nenhum significado, porque foi apenas... Sexo. Só isso. – justificou-se sem ter a menor certeza se tinha ficado claro para ela.
Rachel parou e pousou as duas mãos na cintura com uma expressão irritada.
- E o que me garante que comigo seria diferente? Até quando você pretendia sustentar essa mentira, Finn? –indagou. – Quando você me disse que estava se guardando para alguém especial eu te admirei por isso e eu me senti a pior das pessoas mentindo para você, imaginando o que deveria está passando na sua cabeça sobre o que eu tinha acabado de admitir! Eu... Eu... – as lágrimas estavam voltando. – Eu me imaginei sendo essa pessoa especial, eu queria ser essa pessoa... Eu pensei que fosse especial. – completou virando as costas para ele evitando que o próprio visse o seu princípio de choro.
- Mas você é! Rachel, você é a pessoa mais incrível, mais especial, mais talentosa, mais linda desse mundo! Você é especial porque me faz sentir coisas que eu jamais experimentei na minha vida... Antes de você eu só tive a Quinn como namorada e eu pensei que conhecia tudo sobre o amor, inclusive as suas dores... – ele falou correndo até ela e fazendo Rachel olhá-lo nos olhos. – Eu estava enganado. Conheci o amor a partir do momento em que você começou a fazer parte da minha vida... Eu te amo tanto, Rachel. Vê-la magoada por minha causa é simplesmente... Dila... Discelerante... Não. Não é essa a palavra... – ele estava confuso.
- Dilacerante. – ela o corrigiu como sempre costumava fazer. A garota tinha ficado balançada pelas palavras dele por um momento. – Se é dilacerante para você porque persiste em me magoar, Finn? – perguntou chorosa.
- Porque eu sou um idiota. – admitiu sem receios. – Olha para mim... Não quero perder você justamente agora quando finalmente nos encontramos. Mas você tem que acreditar em mim, Santana não significou nada. Ela pode ter sido a primeira garota com quem eu fiz sexo, mas eu quero que você seja a primeira garota a fazer amor comigo. – falou comemorando por dentro por ter falado algo tão profundo. Tinha visto a tal frase em algum filme.
A pequena estrela dos New Directions estava dividida. Porém, cautelosa. As palavras dele tinham amenizado um pouco da sua dor, pois sentia sinceridade nelas. Sentiu as enormes mãos dele percorrer o seu rosto limpando cada uma das lágrimas e a puxar para uma abraço caloroso. Rachel se deixou levar e o envolveu com os seus curtos braços.
- Eu preciso de um tempo. – falou ainda escorada em seu peito. – Quando eu voltar de Nova York a gente conversa, está bem? – completou erguendo a cabeça e procurando os seus olhos. Finn parecia desapontado, mas concordou.
- Posso ao menos levá-la até o aeroporto amanhã? – perguntou passando a mão em seus cabelos.
- Para a sua segurança, melhor não. Meu pai... Leroy não está muito satisfeito com você. Mas ligo assim que eu chegar, ok? – novamente desapontado, concordou. Gentilmente, Rachel se afastou dos seus braços voltando a sua atenção para a mala. – Melhor você ir, eu ainda tenho muita coisa para fazer. – disse amontoando uma pilha de seis CDs ali dentro.
- Certo. – o garoto estava na dúvida se cobrava ou não um beijo dela. Pensou que não, a situação entre os dois só estava parcialmente resolvida. Caminhou novamente até a porta, mas antes de sair ele tornou a lhe dirigir a palavra. – Você ainda é a minha garota?
- Sempre. – Rachel respondeu notando o pequeno sorriso que brotava nos lábios dele pelo reflexo de um pequeno quadro espelhado.
A sua vida nas últimas duas semanas não tivera nada emocionante, a não ser por ter conseguido alguns trocados trabalhando numa loja de conveniência por algumas tardes. Finn tinha ganhado uma ansiedade extra pela ausência de Rachel, estava hiperativo e simplesmente não conseguia ficar parado. Saiu com Puck por algumas noites, ficou na internet, cantarolou no chuveiro, participou de uma pequena reunião em sua casa com o Glee Club, incluindo o , jogou vídeo-game, zerou todos os seus jogos de X-Box de novo e esperou pacientemente pela próxima ligação da namorada.
Finn não pressionava, estava dando o tempo e espaço que ela pediu. Ele apenas... Esperava. Rachel ligava a cada dois dias e falava com ele no mínimo cinco minutos pelo telefone. Contava somente o básico e que estava bem e que o acampamento era magnífico. Foi então que na noite anterior ele teve uma idéia brilhante que ele próprio se surpreendeu com a sua genialidade.
Após o jantar, o garoto estava ajudando a sua mãe a guardar umas louças enquanto Kurt as enxugava e Burt arrumava a mesa. Os quatro conversavam sobre assuntos fúteis quando o sonoro "plim" invadiu a cabeça do quarterback. Ele lançou um olhar rápido para o meio-irmão e voltou toda a sua atenção para Burt.
- Posso te pedir um favor? – perguntou cheio de esperança. Burt concordou surpreso por toda aquela animação. – Posso pegar um dinheiro emprestado? Estou pensando em dirigir até Nova York e surpreendê-la. Prometo pagar tudo, sério. – falou recebendo um olhar de total reprovação da sua mãe. Carole largou o prato que estava lavando e o encarou.
- Nem pensar, mocinho! Não vou deixar você sair de Ohio e ir para Nova York somente para matar essas saudades! Concordo que Rachel é uma namorada maravilhosa, mas em uma semana ela estará de volta, Finn! – ela exclamou rigorosa.
- Mas mãe... Eu e ela... Nós ainda não estamos bem. As coisas estão bem esquisitas entre nós dois desde aquele dia. Eu preciso vê-la! Sei que ela vai apreciar o meu esforço de atravessar dois estados somente para vê-la! – ele respondeu ainda mais sonhador. Carole permaneceu impassível.
- Posso ir com ele e me certificar de que não irá se meter em nenhuma encrenca. – Kurt se intrometeu e Finn iria agradecê-lo pelo resto da vida por isso. – Além do mais, vai ser divertido. Faz tempo que eu não sinto o glamour daquela cidade. Podemos ficar hospedados na casa do Tio Barney, como costumávamos fazer anos atrás. – o estiloso garoto complementou se referindo somente com o seu pai.
- Querida... – Burt começou e Finn teve a certeza de que veria a sua estrela dourada.
O movimento na casa dos Hudson/Hummel começou bem cedo na manhã seguinte. Seriam horas de viagem até a Big Apple. O mecânico organizava as malas dos rapazes na caçamba da caminhonete maior, do próprio Burt enquanto Carole checava os documentos com Kurt. Os dois adolescentes se despediram de cada um e antes de partirem o homem os fez prometerem que dividiram a direção caso um deles ficasse cansado. E muito antes das sete, Finn e Kurt já estavam na estrada em direção a Nova York.
Eram longas e intermináveis horas dentro daquele carro. Finn dirigia empolgado, mas com o passar do tempo ele já estava completamente entregue ao tédio. Kurt estava ao seu lado em silêncio lendo um das dezenas de revistas de moda que trouxera e tudo isso ao som de Lady Gaga. Os meio-irmãos combinaram de revezar o rádio da pick-up a cada hora. Após uma sessão de rock pesado do garoto mais alto, era a vez de Kurt curtir a sua diva icônica.
Eram duas horas da tarde quando finalmente adentraram no estado da Pennsylvania. Tirando as paradas de emergência, como banheiro ou verificar alguma coisa com o carro, o plano era parar naquele estado para um descanso merecido e almoçar. Ficaram cerca de uma hora e meia e partiram novamente para a estrada, dessa vez quem assumia o volante era Kurt. A partir daí os dois iniciaram uma conversa duradoura, passando por diversos assuntos. E no final das contas, Finn descobriu que estava mesmo gostando da idéia de ter um irmão.
Kurt conversava com Mercedes pelo Bluetooth do seu telefone e pedia desculpas incessantemente por não ter avisado sobre a viagem repentina. Ao seu lado estava um Finn escorado na janela preso num sono profundo. Saíram da Pennsylvana por volta das sete da noite e finalmente adentraram em território Nova-Yorkino. Finn, já de volta ao posto de motorista gritou exaltado quando leu a placa de boas-vindas. O outro garoto prontamente ligou para o seu tio e avisou que em quarenta minutos estariam chegando. Em seguida ele ligou para os seus pais avisando que estavam bem.
- Conheço isso aqui como ninguém. Passa as chaves. – Kurt pediu enquanto reabasteciam pela quarta vez naquele dia. Ele estava apático, devido a viagem exaustiva.
O famoso tio Barney estava do lado de fora da casa com a esposa e os três filhos, todos felizes quando a caminhonete finalmente estacionou. Kurt foi ao chão quando os trigêmeos o rodearam querendo atenção. Após as apresentações formais e o jantar, Finn já se sentia completamente à vontade e bem vindo na família. Conversaram bastante sobre a junção das duas famílias e os dois jovens não pouparam elogios para os pais de um e do outro. Eram quase dez horas da noite quando eles caíram terrivelmente cansados em suas camas.
Depois a parte 3 ;*
A manhã também não pareceu muito produtiva. Decidida a dar um tempo de Ohio, Rachel tocou no assunto novamente sobre o tal acampamento enquanto tomavam café-da-manhã com os seus pais. Leroy realmente tinha ficado animado com isso, pois vira nele uma chance da sua filha se afastar do causador de tantas mágoas nela: o namorado. Mais do que depressa, nem ao menos ele terminara as suas torradas o empresário se levantou para acertar a ida dela para a Big Apple.
Aquilo deu a Rachel uma injeção de ânimo, três semanas afastada deveria lhe trazer algum bem-estar. Voltou ao seu quarto com a intenção de extravasar um pouco com algum dos seus CDs... Talvez uma Barbra estourando os ouvidos da vizinhança. Até mesmo Rachel Berry merecia uma válvula de escape. Foi então que notou o celular esquecido desde ontem à noite sobre a sua mesa.
"96 chamadas não atendidas. – Finn "
Era inevitável não ficar chocada com a quantidade de chamadas. Quase cem! Segurou o impulso de retorná-lo. Apertou uma tecla qualquer e o aviso desapareceu na tela do seu iPhone revelando o papel de parede dela. Uma foto tirada semana passada dentro do cinema, antes do filme começar. Imediatamente memórias daquele dia chicoteavam a sua mente, era para ser apenas mais um encontro perfeito com o seu namorado, e mais uma vez ela hesitou em correspondê-lo nas mesmas três palavrinhas. Sentiu-se péssima pelo resto do dia, mesmo Finn não percebendo o seu estado.
A menina largou o aparelho sobre a sua cama querendo se livrar do momento nostálgico pegou o cd da sua diva, preparou o som e quando estava prestes a apertar o "play" Hiram brotou em seu quarto como se estivesse se desculpando e em seguida largou a bomba: Finn estava lá embaixo.
- Posso pedir para ele se retirar gentilmente, querida. – pronunciou notando a sua mudança de humor. – Não garanto o mesmo do seu pai. – completou apreensivo pelo fato de tê-lo deixado à sós com Leroy.
- Mande-o subir. – respondeu apertando o "play" e deixando Barbra inundar a atmosfera do lugar com a sua impecável voz. Hiram continuou parado. – Vou ficar bem, prometo. – sorriu em seguida, com muito esforço.
O homem desapareceu e ela começou a cantarolar baixinho os versos de "Funny Girl" enquanto revistava o armário atrás da sua mala. Partiria no dia seguinte para a cidade dos seus sonhos, cidade que um dia se renderia aos seus pés e ao seu talento. A grande avenida com aqueles enormes teatros surgiu num meio de pensamentos e ela teve o leve vislumbre do seu sonho, se vendo naqueles palcos, representando, cantando.
- Hey estrela.
Estava de costas para a porta quando foi surpreendida.
- O que está fazendo aqui? – perguntou verificando a mala e num tom muito frio.
- Pretende viajar? – ele perguntou ousando dar alguns passos em direção a ela. – Oh, eu não sabia. – obteve a sua resposta em seguida vendo a quantidade de roupa que ela colocava dentro da mala.
- Ficarei três semanas fora, em Nova York. Não que isso fosse da sua conta. – comentou trombando com ele pelo caminho entre a sua cama e armário. Finn era tão alto que quase foi ao chão. – Desculpe. – pediu.
O adolescente enfiou a mão nos bolsos sentindo a acidez do seu humor nada agradável. Queria conversar, queria explicar o que realmente tinha acontecido, só não sabia como começar. Tinha pensado tanto nesse momento, mas Finn tinha a consciência que a sua boca sempre o traía e que ao invés de oferecer alguma ajuda só piorava a situação. Tomou a liberdade se sentar em sua cama apenas esperando que ela lhe desse total atenção. Foi então que ela surtou:
- Porque eu estou pedindo "desculpas" para você? Aliás, de novo, o que você está fazendo aqui, Finn? Pensei que a minha reação ontem bastava para você saber que ficar perto da sua pessoa não é exatamente o que eu quero! – exasperou irritada.
- Entendo que esteja com raiva, chateada comigo e acredite isso faz com que eu me odeie ainda mais. Rachel, você precisa entender que o aconteceu comigo e com... Você sabe... Não teve nenhum significado, porque foi apenas... Sexo. Só isso. – justificou-se sem ter a menor certeza se tinha ficado claro para ela.
Rachel parou e pousou as duas mãos na cintura com uma expressão irritada.
- E o que me garante que comigo seria diferente? Até quando você pretendia sustentar essa mentira, Finn? –indagou. – Quando você me disse que estava se guardando para alguém especial eu te admirei por isso e eu me senti a pior das pessoas mentindo para você, imaginando o que deveria está passando na sua cabeça sobre o que eu tinha acabado de admitir! Eu... Eu... – as lágrimas estavam voltando. – Eu me imaginei sendo essa pessoa especial, eu queria ser essa pessoa... Eu pensei que fosse especial. – completou virando as costas para ele evitando que o próprio visse o seu princípio de choro.
- Mas você é! Rachel, você é a pessoa mais incrível, mais especial, mais talentosa, mais linda desse mundo! Você é especial porque me faz sentir coisas que eu jamais experimentei na minha vida... Antes de você eu só tive a Quinn como namorada e eu pensei que conhecia tudo sobre o amor, inclusive as suas dores... – ele falou correndo até ela e fazendo Rachel olhá-lo nos olhos. – Eu estava enganado. Conheci o amor a partir do momento em que você começou a fazer parte da minha vida... Eu te amo tanto, Rachel. Vê-la magoada por minha causa é simplesmente... Dila... Discelerante... Não. Não é essa a palavra... – ele estava confuso.
- Dilacerante. – ela o corrigiu como sempre costumava fazer. A garota tinha ficado balançada pelas palavras dele por um momento. – Se é dilacerante para você porque persiste em me magoar, Finn? – perguntou chorosa.
- Porque eu sou um idiota. – admitiu sem receios. – Olha para mim... Não quero perder você justamente agora quando finalmente nos encontramos. Mas você tem que acreditar em mim, Santana não significou nada. Ela pode ter sido a primeira garota com quem eu fiz sexo, mas eu quero que você seja a primeira garota a fazer amor comigo. – falou comemorando por dentro por ter falado algo tão profundo. Tinha visto a tal frase em algum filme.
A pequena estrela dos New Directions estava dividida. Porém, cautelosa. As palavras dele tinham amenizado um pouco da sua dor, pois sentia sinceridade nelas. Sentiu as enormes mãos dele percorrer o seu rosto limpando cada uma das lágrimas e a puxar para uma abraço caloroso. Rachel se deixou levar e o envolveu com os seus curtos braços.
- Eu preciso de um tempo. – falou ainda escorada em seu peito. – Quando eu voltar de Nova York a gente conversa, está bem? – completou erguendo a cabeça e procurando os seus olhos. Finn parecia desapontado, mas concordou.
- Posso ao menos levá-la até o aeroporto amanhã? – perguntou passando a mão em seus cabelos.
- Para a sua segurança, melhor não. Meu pai... Leroy não está muito satisfeito com você. Mas ligo assim que eu chegar, ok? – novamente desapontado, concordou. Gentilmente, Rachel se afastou dos seus braços voltando a sua atenção para a mala. – Melhor você ir, eu ainda tenho muita coisa para fazer. – disse amontoando uma pilha de seis CDs ali dentro.
- Certo. – o garoto estava na dúvida se cobrava ou não um beijo dela. Pensou que não, a situação entre os dois só estava parcialmente resolvida. Caminhou novamente até a porta, mas antes de sair ele tornou a lhe dirigir a palavra. – Você ainda é a minha garota?
- Sempre. – Rachel respondeu notando o pequeno sorriso que brotava nos lábios dele pelo reflexo de um pequeno quadro espelhado.
A sua vida nas últimas duas semanas não tivera nada emocionante, a não ser por ter conseguido alguns trocados trabalhando numa loja de conveniência por algumas tardes. Finn tinha ganhado uma ansiedade extra pela ausência de Rachel, estava hiperativo e simplesmente não conseguia ficar parado. Saiu com Puck por algumas noites, ficou na internet, cantarolou no chuveiro, participou de uma pequena reunião em sua casa com o Glee Club, incluindo o , jogou vídeo-game, zerou todos os seus jogos de X-Box de novo e esperou pacientemente pela próxima ligação da namorada.
Finn não pressionava, estava dando o tempo e espaço que ela pediu. Ele apenas... Esperava. Rachel ligava a cada dois dias e falava com ele no mínimo cinco minutos pelo telefone. Contava somente o básico e que estava bem e que o acampamento era magnífico. Foi então que na noite anterior ele teve uma idéia brilhante que ele próprio se surpreendeu com a sua genialidade.
Após o jantar, o garoto estava ajudando a sua mãe a guardar umas louças enquanto Kurt as enxugava e Burt arrumava a mesa. Os quatro conversavam sobre assuntos fúteis quando o sonoro "plim" invadiu a cabeça do quarterback. Ele lançou um olhar rápido para o meio-irmão e voltou toda a sua atenção para Burt.
- Posso te pedir um favor? – perguntou cheio de esperança. Burt concordou surpreso por toda aquela animação. – Posso pegar um dinheiro emprestado? Estou pensando em dirigir até Nova York e surpreendê-la. Prometo pagar tudo, sério. – falou recebendo um olhar de total reprovação da sua mãe. Carole largou o prato que estava lavando e o encarou.
- Nem pensar, mocinho! Não vou deixar você sair de Ohio e ir para Nova York somente para matar essas saudades! Concordo que Rachel é uma namorada maravilhosa, mas em uma semana ela estará de volta, Finn! – ela exclamou rigorosa.
- Mas mãe... Eu e ela... Nós ainda não estamos bem. As coisas estão bem esquisitas entre nós dois desde aquele dia. Eu preciso vê-la! Sei que ela vai apreciar o meu esforço de atravessar dois estados somente para vê-la! – ele respondeu ainda mais sonhador. Carole permaneceu impassível.
- Posso ir com ele e me certificar de que não irá se meter em nenhuma encrenca. – Kurt se intrometeu e Finn iria agradecê-lo pelo resto da vida por isso. – Além do mais, vai ser divertido. Faz tempo que eu não sinto o glamour daquela cidade. Podemos ficar hospedados na casa do Tio Barney, como costumávamos fazer anos atrás. – o estiloso garoto complementou se referindo somente com o seu pai.
- Querida... – Burt começou e Finn teve a certeza de que veria a sua estrela dourada.
O movimento na casa dos Hudson/Hummel começou bem cedo na manhã seguinte. Seriam horas de viagem até a Big Apple. O mecânico organizava as malas dos rapazes na caçamba da caminhonete maior, do próprio Burt enquanto Carole checava os documentos com Kurt. Os dois adolescentes se despediram de cada um e antes de partirem o homem os fez prometerem que dividiram a direção caso um deles ficasse cansado. E muito antes das sete, Finn e Kurt já estavam na estrada em direção a Nova York.
Eram longas e intermináveis horas dentro daquele carro. Finn dirigia empolgado, mas com o passar do tempo ele já estava completamente entregue ao tédio. Kurt estava ao seu lado em silêncio lendo um das dezenas de revistas de moda que trouxera e tudo isso ao som de Lady Gaga. Os meio-irmãos combinaram de revezar o rádio da pick-up a cada hora. Após uma sessão de rock pesado do garoto mais alto, era a vez de Kurt curtir a sua diva icônica.
Eram duas horas da tarde quando finalmente adentraram no estado da Pennsylvania. Tirando as paradas de emergência, como banheiro ou verificar alguma coisa com o carro, o plano era parar naquele estado para um descanso merecido e almoçar. Ficaram cerca de uma hora e meia e partiram novamente para a estrada, dessa vez quem assumia o volante era Kurt. A partir daí os dois iniciaram uma conversa duradoura, passando por diversos assuntos. E no final das contas, Finn descobriu que estava mesmo gostando da idéia de ter um irmão.
Kurt conversava com Mercedes pelo Bluetooth do seu telefone e pedia desculpas incessantemente por não ter avisado sobre a viagem repentina. Ao seu lado estava um Finn escorado na janela preso num sono profundo. Saíram da Pennsylvana por volta das sete da noite e finalmente adentraram em território Nova-Yorkino. Finn, já de volta ao posto de motorista gritou exaltado quando leu a placa de boas-vindas. O outro garoto prontamente ligou para o seu tio e avisou que em quarenta minutos estariam chegando. Em seguida ele ligou para os seus pais avisando que estavam bem.
- Conheço isso aqui como ninguém. Passa as chaves. – Kurt pediu enquanto reabasteciam pela quarta vez naquele dia. Ele estava apático, devido a viagem exaustiva.
O famoso tio Barney estava do lado de fora da casa com a esposa e os três filhos, todos felizes quando a caminhonete finalmente estacionou. Kurt foi ao chão quando os trigêmeos o rodearam querendo atenção. Após as apresentações formais e o jantar, Finn já se sentia completamente à vontade e bem vindo na família. Conversaram bastante sobre a junção das duas famílias e os dois jovens não pouparam elogios para os pais de um e do outro. Eram quase dez horas da noite quando eles caíram terrivelmente cansados em suas camas.
Depois a parte 3 ;*