Gente achei isso é tão perfeito, mais n deixa de ser uma FanFiction -Q
udo começou com um simples e singelo beijo inocente.
Agora o beijo era mais ávido, mais saboroso, tinha gosto de desejo, de paixão. As mãos que sempre foram comportadas com ela agora abusavam e abriam caminho pelo seu corpo percorrendo partes que um garoto jamais teve permissão para alcançá-las. Uma virada brusca de posição, e ela estava por cima. Em meio a um emaranhado de pensamentos confusos e pecaminosos ao mesmo tempo, Rachel teve a sensação de estar no controle da situação uma vez que estava por cima dele.
O fato de ter controle em suas mãos não lhe provocou a reação que a mínima parte da sua razão gritava dentro dela. De se afastar antes que fosse tarde demais. Pelo contrário, em seus pensamentos promíscuos aquilo só tornava a coisa ainda mais interessante. A adolescente não estava acostumada com tanta liberdade da sua parte e por isso assustou-se quando sentiu um leve aperto em sua bunda. Finn não pareceu se importar com o não esperado protesto, ele parecia tão enfeitiçado pelo momento quanto ela. Completamente impulsiva e levada pela pura ousadia, Rachel desviou a sua boca da dele buscando o pescoço do namorado e as suas mãos correram em direção à blusa do rapaz levantando-a vagarosamente.
Finn estava perplexo demais observando uma Rachel selvagem se revelar diante de seus olhos. Sentiu as macias mãos da garota percorrer sua barriga e uma de suas unhas passou de propósito por cima de um dos mamilos. Aquilo acelerou as coisas para o lado do adolescente e o fato dela estar mordiscando o lóbulo da sua orelha só piorou o momento. O inevitável aconteceu e Finn se viu excitado debaixo dela.
Instantaneamente ela parou. A leve pressão que vinha por baixo atingindo a parte interna sua virilha a fez voltar à realidade. Rachel lançou um olhar cheio de horror para ele e numa agilidade desconhecida ela já tinha saído daquela posição e correu para a extensão do quarto que pertencia a Kurt. Estava terrivelmente envergonhada para falar alguma coisa ou encará-lo naquele instante.
- Rachel, eu sinto muito! Ai que droga! – Finn exclamou examinando o volume considerável em suas calças. – É impossível controlar... Eu... – ele tentou explicar enquanto caminhava em direção à parte que pertencia a Kurt, abrindo as divisórias pelo percurso e encontrando a namorada sentada na cama dele assustada.
O olhar dela foi certeiro no meio da suas pernas, uma vez que Finn tinha esquecido de esconder o vexame dela. A cara de horror se intensificou e ela se virou de costas para ele querendo evitar algo ainda mais constrangedor.
- Não fale comigo enquanto... Enquanto... – Rachel não sabia como se expressar. – Enquanto você não "apontar para o Sul"! – metaforizou.
Sabia que não podia culpá-lo, pois foi ela quem provocara. Estava envergonhada ainda mais por isso, por ter perdido o controle para os seus hormônios. Rachel fez uma nota mental de nunca mais aprofundar um beijo com Finn enquanto estiverem sozinhos. Na maior parte das vezes, os beijos eram calmos e superficiais. Uma vez ou outra se permitiam a um beijo de verdade, com as línguas batalhando uma com a outra. Finn era um namorado respeitoso, jamais avançou qualquer limite com ela, sempre esperava por um sinal de aprovação. E Rachel tinha extrapolado essas "aprovações" em cinco minutos de amassos dentro daquele quarto.
Ele resolveu lhe dar espaço e caminhou de volta para a sua cama. Finn concentrou-se num pequeno patinho de plástico com uns óculos rosa-choque pendurado numa das portas do armário que pertencia ao seu meio-irmão Kurt. Pensar em coisas aleatórias faria com que o seu corpo se acalmasse. Olhou o patinho por cerca de um minuto e então pensou em batatas fritas e isto o lembrou de que ele estava com fome de novo. Milhares de coisas desconexas vagaram por sua mente por pelo menos cinco minutos e finalmente a sua excitação cedeu.
- Já estou apontando para o Sul. – ele falou num tom desanimado. Estava chateado com o que tinha acontecido.
Rachel surgiu pelas divisórias já menos apavorada. Encarou o namorado por centésimos de segundos antes de direcionar o olhar ao chão. Sentou-se ao seu lado sem saber realmente o que falar.
- Desculpe, eu sinto muito. Eu não devia... Mas é que estava tão bom... Mas foi errado. – o rapaz tentou explicar, mas nada parecia coerente.
- Eu menti. – ela falou num tom mínimo. Então o fitou. – Eu menti para você. Não dormi com ele. – admitiu de repente. – Sou tão inexperiente quanto você, Finn. Vê-lo naquele... Estado... Eu meio que me assustei, eu acho. Jesse e eu não chegamos a atingir esse estágio. E... Eu tenho certeza de que você é o cara certo, a pessoa certa... Eu só preciso me acostumar com a idéia, pois não quero ficar sempre hesitando. – completou aliviada por finalmente ter se livrado daquela mentira.
O fato de saber que Rachel continuava intacta aumentou o seu ânimo, pois tudo o que conseguia pensar era o que ela acharia dele quando finalmente fossem para cama. Uma comparação era inevitável. E a sua namorada ainda era pura, para sua felicidade. Felicidade que não durou muito. O rosto de Santana surgiu em seus pensamentos e de repente toda a sua apatia retornou. Rachel notou.
- O que foi? Está chateado pela mentira? Desculpa, Finn. – ela se apressou em consertar as coisas se erguendo e ficando de frente para ele olhando fixamente para os seus olhos.
- Se estamos colocando as cartas na mesa... Eu também menti. – confessou já pressentindo o furacão Berry se aproximando. Era melhor confessar de uma vez antes de voltarem de férias e correr o risco de Rachel saber pela boca de terceiros. Isso era irrelevante, ela ficaria chateada do mesmo jeito.
Carole, mãe do rapaz estava na sala assistindo o noticiário quando notou as vozes exaltadas vindo do quarto inferior. Não chegavam a ser gritos, mas alguém lá embaixo estava irritado. A viúva se levantou e caminhou em direção ao corredor que dava acesso ao quarto e por pouco não trombou com Rachel que passou batida por ela e com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Seu filho, Finn surgiu em seguida. Mas já era tarde demais... A porta bateu com violência e a menina já tinha ido embora. Ele parou à poucos metros antes da porta e a encarou com um olhar desolador.
- Querido, o que aconteceu? – Carole perguntou preocupada ao ver a expressão de tristeza estampada em seu rosto.
- Fiz o seu coração dela em pedaços pela terceira vez, mãe. – respondeu num sopro de fala apoiando-se nas paredes. A mulher envolveu seus pequenos braços, em comparação com os deles, ao redor do corpo do filho e o abraçou intensamente.
Rachel chegou em casa aos soluços. Passou por um dos seus pais sem deixar que ele percebesse qualquer coisa e seguiu em direção às escadas. Trancou-se em seu quarto, e nem ao menos fez questão de acender as luzes, largou o corpo pesado pelo tamanho da mágoa instalada em seu coração pela cama, agarrou o maior bicho de pelúcia – um urso rosado segurando uma estrela entre as patas – e afundou a cara ali. Permitiu-se chorar com dignidade, o choro que conteve durante todo o caminho de volta para casa.
Traída. Sentia-se traída. Sentia como se cada dia vivido ao lado dele, cada beijo trocado, cada "eu te amo" dito por ele durante as últimas quatro semanas fosse falso. Nada em Finn inspirava verdadeiro depois de ouvir a sua revelação, nem mesmo o seu olhar, os sorrisos tortos que sempre gostara não tinham mais sentido. Rachel só conseguia processar três coisas naquele momento em sua cabeça confusa: Finn, Santana e um leão. Lógico que para ela, o mais simpatizante dos três era o felino, pois este corria incansavelmente atrás dos dois, uma vez que o jantar preferido dele eram traidores.
A menina perdeu noção do tempo e espaço enquanto esteve murchada em sua cama. Só se deu conta do horário quando o seu outro pai bateu em sua porta avisando sobre o jantar. E ela estava com fome, a última vez que ingeriu alguma coisa foi na hora do almoço, na casa do namorado. Ou seria ex? Rachel não tinha certeza.
Acendeu as luzes finalmente e isto causou grandes protestos das suas retinas depois de ficarem acostumadas ao escuro. Caminhou pelo quarto desanimada e pegou uma roupa qualquer no armário. Precisava de um banho para se recompor, o que menos queria era uma inquisição montada na porta dos Hudson/Hummel pelos seus pais. Abriu uma das partes centrais do móvel e deparou-se com o espelho. Sua imagem era terrivelmente desagradável. Os olhos inchados e avermelhados, as maçãs do rosto ainda úmidas pelas lágrimas e os cabelos bagunçados.
A falta de vida no corpo de Finn era evidente durante o jantar. O adolescente pouco tocara na comida e mantinha um olhar distante. Ao contrário dos habituais jantares das duas famílias, que sempre foram recheados de risadas, das histórias de Burt com alguns dos seus clientes, com Kurt conversando com Carole sobre os novos catálogos de roupas e acessórios e com Finn contando animado o seu dia com Rachel. Tudo se resumia ao mais absoluto silêncio. Somente os talheres tinham o direito de expressar qualquer barulho pela mesa. A situação era desconfortável.
- Posso me retirar, mãe? – ele perguntou sem encará-la. Carole permitiu olhando de esguelha para o "enteado" e o namorado. – Desculpe. – ele pediu já de pé se referindo aos Hummel.
O mesmo não acontecia na casa dos Berry. Os três conversavam animados e contanto que Rachel não tenha demonstrado sinais da sua fraqueza, Leroy e Hiram conheciam aquela menina por dezesseis anos e nove meses, e isso eram mais do que suficiente para saber que alguma coisa estava errada. Ao começar pela sua postura tagarela, Rachel simplesmente não conseguia parar de falar de Barbra – sua diva – e musicais. Citou de tudo um pouco, desde "Cantando na Chuva", Elvis, John Travolta, "Funny Girl", "Cats" até mesmo em "Rei Leão" ela falou. E em seguida emendando na música tema do Elton John. O comportamento da filha estava mais exagerado do que o normal.
-... Vou sugerir ao Mr. Schuester Elton John quando voltarmos. Mas então... – levou o garfo a boca saboreando mais um pouco de salada. Mastigou, sorriu e voltou a tagarelar. – Eu quero ir para esse Acampamento Intensivo de Artes que tem em Nova York. – finalizou após quase dez minutos.
Outro sinal de que tinha algo estranho com ela era o fato de não ter mencionado o nome do namorado durante todo o jantar. Isso era muito, muito raro, uma vez que Rachel sempre contava com detalhes e com um romantismo exagerado o seu dia com o seu príncipe encantado. Leroy e Hiram trocaram um olhar cúmplice e o primeiro deixou com o outro o trabalho de iniciar a conversa. Hiram era caucasiano de cabelos lisos – e já demonstrando uma certa calvície - , de estatura média, olhos castanhos claros e atualmente exercia a sua profissão de advogado. Era dono de uma firma de Advocacia em Ohio, uma das mais respeitadas. Seu temperamento nos tribunais era agressivo, intimidador, mas quando estava com a sua princesinha Rachel – o seu bem mais precioso – o seu lado pai coruja falava mais alto. Hiram era sensível e muito compreensível. Ao contrário do marido, Leroy, que dos dois era o mais rígido e mais assustador. Ele era vários centímetros mais alto do que Finn – que por si só já era alto – e costumava malhar o que deixava a coisa toda ainda mais apavorante. Além de alto, era moreno, cabelos e olhos castanhos escuros. Era um executivo, era gerente de uma filial de importações em Ohio.
- O que aconteceu entre você e Finn, princesa? – Hiram perguntou numa voz aveludada.
Ela foi pega de surpresa. Largou os talhares em seu prato e notou o olhar nada satisfeito de Leroy. Desfazendo toda a sua pose, saindo de toda aquela cena Rachel transpareceu a sua melancolia. Abaixou a cabeça olhando para as próprias pernas. Não queria falar, falar implicava em buscar detalhes, que buscava lembranças, que buscava a imagem de Finn confessando e que a fazia chorar.
- O que ele fez com você? – Leroy perguntou num tom ameaçador se retirando da mesa levando consigo o seu prato. – Sexo, não foi? Ele forçou você a fazer algo que não queria! Eu sabia! Moleque atrevido! – bradou jogando com raiva o prato com violência dentro da pia.
Rachel pulou assustada e procurou conforto nos olhos de Hiram.
- Querido, não vamos nos precipitar. Deixe Rachel contar o que realmente aconteceu. – ele tentou acalmá-lo notando que ele já estava de volta à sala de jantar. Leroy voltou ao seu lugar na mesa.
- Está certo. Conte, meu anjo.
- Só tivemos uma discussão, uma briga. Nada tão sério. – mentiu encarando uma das ervilhas do seu prato. – Prefiro ficar afastada enquanto não me acalmar. – completou agora brincando com a tal ervilha com o garfo.
- Você sabe que pode desabafar com a gente, não é? Parte-nos o coração ver a nossa filhinha desse jeito. – Hiram falou com uma expressão dolorosa evidente.
- Eu só preciso ficar sozinha, pai... E pai. – falou oferecendo um sorriso forçado e se retirando para o seu quarto novamente.
Depois os outros capitulos, são 8 ;O
udo começou com um simples e singelo beijo inocente.
Agora o beijo era mais ávido, mais saboroso, tinha gosto de desejo, de paixão. As mãos que sempre foram comportadas com ela agora abusavam e abriam caminho pelo seu corpo percorrendo partes que um garoto jamais teve permissão para alcançá-las. Uma virada brusca de posição, e ela estava por cima. Em meio a um emaranhado de pensamentos confusos e pecaminosos ao mesmo tempo, Rachel teve a sensação de estar no controle da situação uma vez que estava por cima dele.
O fato de ter controle em suas mãos não lhe provocou a reação que a mínima parte da sua razão gritava dentro dela. De se afastar antes que fosse tarde demais. Pelo contrário, em seus pensamentos promíscuos aquilo só tornava a coisa ainda mais interessante. A adolescente não estava acostumada com tanta liberdade da sua parte e por isso assustou-se quando sentiu um leve aperto em sua bunda. Finn não pareceu se importar com o não esperado protesto, ele parecia tão enfeitiçado pelo momento quanto ela. Completamente impulsiva e levada pela pura ousadia, Rachel desviou a sua boca da dele buscando o pescoço do namorado e as suas mãos correram em direção à blusa do rapaz levantando-a vagarosamente.
Finn estava perplexo demais observando uma Rachel selvagem se revelar diante de seus olhos. Sentiu as macias mãos da garota percorrer sua barriga e uma de suas unhas passou de propósito por cima de um dos mamilos. Aquilo acelerou as coisas para o lado do adolescente e o fato dela estar mordiscando o lóbulo da sua orelha só piorou o momento. O inevitável aconteceu e Finn se viu excitado debaixo dela.
Instantaneamente ela parou. A leve pressão que vinha por baixo atingindo a parte interna sua virilha a fez voltar à realidade. Rachel lançou um olhar cheio de horror para ele e numa agilidade desconhecida ela já tinha saído daquela posição e correu para a extensão do quarto que pertencia a Kurt. Estava terrivelmente envergonhada para falar alguma coisa ou encará-lo naquele instante.
- Rachel, eu sinto muito! Ai que droga! – Finn exclamou examinando o volume considerável em suas calças. – É impossível controlar... Eu... – ele tentou explicar enquanto caminhava em direção à parte que pertencia a Kurt, abrindo as divisórias pelo percurso e encontrando a namorada sentada na cama dele assustada.
O olhar dela foi certeiro no meio da suas pernas, uma vez que Finn tinha esquecido de esconder o vexame dela. A cara de horror se intensificou e ela se virou de costas para ele querendo evitar algo ainda mais constrangedor.
- Não fale comigo enquanto... Enquanto... – Rachel não sabia como se expressar. – Enquanto você não "apontar para o Sul"! – metaforizou.
Sabia que não podia culpá-lo, pois foi ela quem provocara. Estava envergonhada ainda mais por isso, por ter perdido o controle para os seus hormônios. Rachel fez uma nota mental de nunca mais aprofundar um beijo com Finn enquanto estiverem sozinhos. Na maior parte das vezes, os beijos eram calmos e superficiais. Uma vez ou outra se permitiam a um beijo de verdade, com as línguas batalhando uma com a outra. Finn era um namorado respeitoso, jamais avançou qualquer limite com ela, sempre esperava por um sinal de aprovação. E Rachel tinha extrapolado essas "aprovações" em cinco minutos de amassos dentro daquele quarto.
Ele resolveu lhe dar espaço e caminhou de volta para a sua cama. Finn concentrou-se num pequeno patinho de plástico com uns óculos rosa-choque pendurado numa das portas do armário que pertencia ao seu meio-irmão Kurt. Pensar em coisas aleatórias faria com que o seu corpo se acalmasse. Olhou o patinho por cerca de um minuto e então pensou em batatas fritas e isto o lembrou de que ele estava com fome de novo. Milhares de coisas desconexas vagaram por sua mente por pelo menos cinco minutos e finalmente a sua excitação cedeu.
- Já estou apontando para o Sul. – ele falou num tom desanimado. Estava chateado com o que tinha acontecido.
Rachel surgiu pelas divisórias já menos apavorada. Encarou o namorado por centésimos de segundos antes de direcionar o olhar ao chão. Sentou-se ao seu lado sem saber realmente o que falar.
- Desculpe, eu sinto muito. Eu não devia... Mas é que estava tão bom... Mas foi errado. – o rapaz tentou explicar, mas nada parecia coerente.
- Eu menti. – ela falou num tom mínimo. Então o fitou. – Eu menti para você. Não dormi com ele. – admitiu de repente. – Sou tão inexperiente quanto você, Finn. Vê-lo naquele... Estado... Eu meio que me assustei, eu acho. Jesse e eu não chegamos a atingir esse estágio. E... Eu tenho certeza de que você é o cara certo, a pessoa certa... Eu só preciso me acostumar com a idéia, pois não quero ficar sempre hesitando. – completou aliviada por finalmente ter se livrado daquela mentira.
O fato de saber que Rachel continuava intacta aumentou o seu ânimo, pois tudo o que conseguia pensar era o que ela acharia dele quando finalmente fossem para cama. Uma comparação era inevitável. E a sua namorada ainda era pura, para sua felicidade. Felicidade que não durou muito. O rosto de Santana surgiu em seus pensamentos e de repente toda a sua apatia retornou. Rachel notou.
- O que foi? Está chateado pela mentira? Desculpa, Finn. – ela se apressou em consertar as coisas se erguendo e ficando de frente para ele olhando fixamente para os seus olhos.
- Se estamos colocando as cartas na mesa... Eu também menti. – confessou já pressentindo o furacão Berry se aproximando. Era melhor confessar de uma vez antes de voltarem de férias e correr o risco de Rachel saber pela boca de terceiros. Isso era irrelevante, ela ficaria chateada do mesmo jeito.
Carole, mãe do rapaz estava na sala assistindo o noticiário quando notou as vozes exaltadas vindo do quarto inferior. Não chegavam a ser gritos, mas alguém lá embaixo estava irritado. A viúva se levantou e caminhou em direção ao corredor que dava acesso ao quarto e por pouco não trombou com Rachel que passou batida por ela e com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Seu filho, Finn surgiu em seguida. Mas já era tarde demais... A porta bateu com violência e a menina já tinha ido embora. Ele parou à poucos metros antes da porta e a encarou com um olhar desolador.
- Querido, o que aconteceu? – Carole perguntou preocupada ao ver a expressão de tristeza estampada em seu rosto.
- Fiz o seu coração dela em pedaços pela terceira vez, mãe. – respondeu num sopro de fala apoiando-se nas paredes. A mulher envolveu seus pequenos braços, em comparação com os deles, ao redor do corpo do filho e o abraçou intensamente.
Rachel chegou em casa aos soluços. Passou por um dos seus pais sem deixar que ele percebesse qualquer coisa e seguiu em direção às escadas. Trancou-se em seu quarto, e nem ao menos fez questão de acender as luzes, largou o corpo pesado pelo tamanho da mágoa instalada em seu coração pela cama, agarrou o maior bicho de pelúcia – um urso rosado segurando uma estrela entre as patas – e afundou a cara ali. Permitiu-se chorar com dignidade, o choro que conteve durante todo o caminho de volta para casa.
Traída. Sentia-se traída. Sentia como se cada dia vivido ao lado dele, cada beijo trocado, cada "eu te amo" dito por ele durante as últimas quatro semanas fosse falso. Nada em Finn inspirava verdadeiro depois de ouvir a sua revelação, nem mesmo o seu olhar, os sorrisos tortos que sempre gostara não tinham mais sentido. Rachel só conseguia processar três coisas naquele momento em sua cabeça confusa: Finn, Santana e um leão. Lógico que para ela, o mais simpatizante dos três era o felino, pois este corria incansavelmente atrás dos dois, uma vez que o jantar preferido dele eram traidores.
A menina perdeu noção do tempo e espaço enquanto esteve murchada em sua cama. Só se deu conta do horário quando o seu outro pai bateu em sua porta avisando sobre o jantar. E ela estava com fome, a última vez que ingeriu alguma coisa foi na hora do almoço, na casa do namorado. Ou seria ex? Rachel não tinha certeza.
Acendeu as luzes finalmente e isto causou grandes protestos das suas retinas depois de ficarem acostumadas ao escuro. Caminhou pelo quarto desanimada e pegou uma roupa qualquer no armário. Precisava de um banho para se recompor, o que menos queria era uma inquisição montada na porta dos Hudson/Hummel pelos seus pais. Abriu uma das partes centrais do móvel e deparou-se com o espelho. Sua imagem era terrivelmente desagradável. Os olhos inchados e avermelhados, as maçãs do rosto ainda úmidas pelas lágrimas e os cabelos bagunçados.
A falta de vida no corpo de Finn era evidente durante o jantar. O adolescente pouco tocara na comida e mantinha um olhar distante. Ao contrário dos habituais jantares das duas famílias, que sempre foram recheados de risadas, das histórias de Burt com alguns dos seus clientes, com Kurt conversando com Carole sobre os novos catálogos de roupas e acessórios e com Finn contando animado o seu dia com Rachel. Tudo se resumia ao mais absoluto silêncio. Somente os talheres tinham o direito de expressar qualquer barulho pela mesa. A situação era desconfortável.
- Posso me retirar, mãe? – ele perguntou sem encará-la. Carole permitiu olhando de esguelha para o "enteado" e o namorado. – Desculpe. – ele pediu já de pé se referindo aos Hummel.
O mesmo não acontecia na casa dos Berry. Os três conversavam animados e contanto que Rachel não tenha demonstrado sinais da sua fraqueza, Leroy e Hiram conheciam aquela menina por dezesseis anos e nove meses, e isso eram mais do que suficiente para saber que alguma coisa estava errada. Ao começar pela sua postura tagarela, Rachel simplesmente não conseguia parar de falar de Barbra – sua diva – e musicais. Citou de tudo um pouco, desde "Cantando na Chuva", Elvis, John Travolta, "Funny Girl", "Cats" até mesmo em "Rei Leão" ela falou. E em seguida emendando na música tema do Elton John. O comportamento da filha estava mais exagerado do que o normal.
-... Vou sugerir ao Mr. Schuester Elton John quando voltarmos. Mas então... – levou o garfo a boca saboreando mais um pouco de salada. Mastigou, sorriu e voltou a tagarelar. – Eu quero ir para esse Acampamento Intensivo de Artes que tem em Nova York. – finalizou após quase dez minutos.
Outro sinal de que tinha algo estranho com ela era o fato de não ter mencionado o nome do namorado durante todo o jantar. Isso era muito, muito raro, uma vez que Rachel sempre contava com detalhes e com um romantismo exagerado o seu dia com o seu príncipe encantado. Leroy e Hiram trocaram um olhar cúmplice e o primeiro deixou com o outro o trabalho de iniciar a conversa. Hiram era caucasiano de cabelos lisos – e já demonstrando uma certa calvície - , de estatura média, olhos castanhos claros e atualmente exercia a sua profissão de advogado. Era dono de uma firma de Advocacia em Ohio, uma das mais respeitadas. Seu temperamento nos tribunais era agressivo, intimidador, mas quando estava com a sua princesinha Rachel – o seu bem mais precioso – o seu lado pai coruja falava mais alto. Hiram era sensível e muito compreensível. Ao contrário do marido, Leroy, que dos dois era o mais rígido e mais assustador. Ele era vários centímetros mais alto do que Finn – que por si só já era alto – e costumava malhar o que deixava a coisa toda ainda mais apavorante. Além de alto, era moreno, cabelos e olhos castanhos escuros. Era um executivo, era gerente de uma filial de importações em Ohio.
- O que aconteceu entre você e Finn, princesa? – Hiram perguntou numa voz aveludada.
Ela foi pega de surpresa. Largou os talhares em seu prato e notou o olhar nada satisfeito de Leroy. Desfazendo toda a sua pose, saindo de toda aquela cena Rachel transpareceu a sua melancolia. Abaixou a cabeça olhando para as próprias pernas. Não queria falar, falar implicava em buscar detalhes, que buscava lembranças, que buscava a imagem de Finn confessando e que a fazia chorar.
- O que ele fez com você? – Leroy perguntou num tom ameaçador se retirando da mesa levando consigo o seu prato. – Sexo, não foi? Ele forçou você a fazer algo que não queria! Eu sabia! Moleque atrevido! – bradou jogando com raiva o prato com violência dentro da pia.
Rachel pulou assustada e procurou conforto nos olhos de Hiram.
- Querido, não vamos nos precipitar. Deixe Rachel contar o que realmente aconteceu. – ele tentou acalmá-lo notando que ele já estava de volta à sala de jantar. Leroy voltou ao seu lugar na mesa.
- Está certo. Conte, meu anjo.
- Só tivemos uma discussão, uma briga. Nada tão sério. – mentiu encarando uma das ervilhas do seu prato. – Prefiro ficar afastada enquanto não me acalmar. – completou agora brincando com a tal ervilha com o garfo.
- Você sabe que pode desabafar com a gente, não é? Parte-nos o coração ver a nossa filhinha desse jeito. – Hiram falou com uma expressão dolorosa evidente.
- Eu só preciso ficar sozinha, pai... E pai. – falou oferecendo um sorriso forçado e se retirando para o seu quarto novamente.
Depois os outros capitulos, são 8 ;O
